Nos últimos anos, o tema da eficiência energética vem sendo um tópico cada vez mais central como uma solução fundamental nas discussões a respeito dos impactos dos processos humanos no planeta. Na indústria da construção civil, particularmente, esta preocupação encontra grande relevância – uma vez que o setor é um dos maiores responsáveis pelo uso de recursos e tem enorme potencial de mudança.
A energia surgiu há anos como uma questão de prioridade crítica no cenário mundial. A relação de oferta e a demanda insustentável de energia tem sérias implicações para tudo, desde os orçamentos domésticos até as relações internacionais e o contexto ambiental
As construções estão na linha de frente nesta questão devido ao seu alto consumo de energia. Estudos têm mostrado repetidamente que edifícios eficientes e o uso apropriado do solo oferecem a oportunidade de economizar dinheiro e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e diminuir o consumo de recursos energéticos.
Neste sentido, um ponto importante é que os investimentos no setor de construção são menos arriscados e geram melhores retornos financeiros quando direcionados para edifícios com eficiência energética. Globalmente, edifícios e construções são responsáveis por grande parcela do uso de recursos: são, em média, relacionados a 60% do uso de eletricidade, 12% do uso de água, 40% do lixo e 40% do uso de recursos materiais.
Nas muitas cidades, os edifícios ocupam 50 por cento ou mais da área total. Cada um deles necessita de recursos para se manter, e cada melhoria na eficiência no uso de energia e recursos diminui o custo que a cidade e seus residentes precisam pagar.
Por exemplo, cada R$1,00 adicional investido em soluções de eficiência energética evita mais de R$2,00 em gastos com fornecimento de energia e recursos. Assim, a economia gerada pela eficiência energética na construção civil libera dinheiro para outros investimentos, alocando melhor o capital e alavancando o crescimento econômico.
Neste artigo, vamos entender melhor o que é eficiência energética na construção civil e conhecer algumas soluções práticas comumente utilizadas ao redor do mundo. Confira a seguir!
O que é eficiência energética
A eficiência energética é a utilização de menos energia para realizar o mesmo trabalho com desempenho similar. Assim, edifícios eficientes em termos energéticos, sejam eles construções novas ou espaços existentes renovados, podem ser definidos como edifícios que são concebidos para proporcionar uma redução significativa da necessidade de energia para seu funcionamento.
Em termos gerais, a eficiência energética possui três principais abordagens em seu conceito:
- Reduzir a demanda de energia ao evitar o desperdício e implementar medidas de economia de recursos
- Utilizar fontes sustentáveis de energia no lugar de fontes não renováveis, como a energia fóssil
- Produzir e utilizar a energia não renovável da forma mais eficiente possível
Como aplicar práticas de eficiência energética
Existem várias maneiras de aumentar a eficiência energética de uma construção. Melhor isolamento, janelas, portas e clarabóias de alta performance, bem como ar-condicionado e aquecedores eficientes, podem contribuir para uma edificação com maior eficiência energética.
No entanto, a busca por construções cada vez mais eficientes deve explorar todas as frentes possíveis. Na prática, a eficiência energética na construção civil combina o avanço de técnicas construtivas, o uso de eletrodomésticos e iluminação com eficiência energética de última geração com sistemas de energia renovável comercialmente disponíveis, como aquecimento solar de água e eletricidade solar.
Aproveitando o clima local e as condições do local, os arquitetos podem incorporar aquecimento e resfriamento solar passivo e estratégias de paisagismo com eficiência energética. A intenção é reduzir o uso de energia da forma mais econômica possível e, em seguida, atender a estes requisitos já reduzidos com sistemas de energia renovável, preferencialmente no local.
Arquitetura bioclimática em estratégias de projeto
A arquitetura bioclimática leva em consideração as condições climáticas e ambientais de cada projeto específico para ajudar a alcançar o conforto térmico e visual no interior com a menor necessidade de uso de energia externa quanto possível. Assim, um projeto bioclimático leva em consideração o clima local para fazer o melhor uso possível da energia solar e de outras fontes ambientais, em vez de trabalhar contra elas.
Desta forma, as estratégias de arquitetura bioclimática no projeto buscam utilizar o desenho e implantação da construção de forma eficiente, trabalhando com o entorno para maximizar a capacidade da edificação de se manter confortável e adequada por conta própria. Para isto, trabalha principalmente com a forma e orientação do edifício, proteções solares e sistemas solares passivos.
Neste sentido, a forma do edifício deve ser compacta para reduzir as superfícies em contato com o exterior. O edifício e principalmente as suas aberturas recebem uma orientação adequada para as características locais do projeto e os espaços internos s são dispostos de acordo com as suas necessidades de aquecimento.
A orientação de um edifício afeta significativamente sua eficiência energética. Por isso, os construtores devem ter como objetivo regular a temperatura o máximo possível para minimizar o uso excessivo de sistemas de aquecimento ou resfriamento.
Em climas mais quentes, é importante reduzir a exposição direta ao sol, ao passo que, em climas mais frios, o edifício deve ser posicionado para receber mais luz solar. É crucial considerar isso durante a construção, pois o posicionamento terá efeitos de longo prazo no uso de energia.
A posição das aberturas, como portas e janelas, também é importante. Saliências e brises são uma ótima técnica de construção que pode alterar a exposição solar de um edifício. Por meio de posicionamento estratégico, eles podem lançar sombra e ajudar a regular a temperatura ao longo do ano, atuando como sistemas “gratuitos” de aquecimento e iluminação.
Além disso, o edifício também pode ser protegido pelo tratamento adequado do envoltório do edifício, como com o uso de cores e superfícies reflexivas para evitar a absorção de calor em climas quentes ou de massas térmicas e cores escuras para amplificar o aquecimento em climas frios.
Isolamento térmico
Edifícios com eficiência energética devem ter a capacidade de se aquecer e resfriar de forma independente. Neste sentido, o isolamento desempenha um papel importante aqui, pois ajuda a regular a temperatura em um edifício, reduzindo a quantidade de calor que entra ou sai de uma estrutura.
O isolamento térmico é uma tecnologia comprovada, de baixo custo e amplamente disponível, que começa a economizar energia e dinheiro e a reduzir as emissões no momento em que é instalada.
Um isolamento bem feito garante a eficiência energética em todas as partes do edifício, sendo também adequado para reduzir a perda de energia das instalações técnicas de um edifício, como em canos e caldeiras. Além disso, o isolamento é tão relevante nas regiões frias quanto nas quentes: nas frias, o isolamento mantém o edifício aquecido e limita a necessidade de energia para aquecimento, enquanto em regiões quentes, os mesmos sistemas de isolamento mantém o calor do lado de fora e reduzem a necessidade de ar condicionado.
Na prática, as técnicas de isolamento podem incluir o uso de materiais de baixa condução térmica, a instalação de massas térmicas em locais estratégicos, a escolha de aberturas de alta qualidade, vidros inteligentes e coberturas verdes.
Utilização de energia renovável
Já existem no mercado várias opções acessíveis de estratégias para permitir a utilização de energia renovável produzida no local. Uma das alternativas mais populares é o painel solar, capaz de gerar energia a partir da luz do sol com um investimento financeiro acessível e que oferece ótimo potencial de retorno com a economia de energia que promove ao longo dos anos.
Assim, os painéis solares são uma fonte de energia renovável eficaz usada para reduzir o uso de eletricidade. Muitas vezes são instalados para suprir a necessidade de eletricidade para os eletrodomésticos, para a iluminação interna e até mesmo para aquecer água.
Estratégias de ventilação natural
Ventilação é a entrada e saída planejada e controlada de ar através dos edifícios, fornecendo ar fresco e exaustando o ar interno. Além de ser uma estratégia essencial em climas úmidos e quentes, a ventilação é essencial para evitar o risco de condensação do ar úmido quente em superfícies frias e mal isoladas, criando umidade e permitindo o crescimento de mofos e fungos.
Como resultado, a falta de ventilação pode ter consequências sérias para a saúde dos usuários do espaço – principalmente para idosos e crianças. Quando bem trabalhadas, as estratégias de arquitetura bioclimática devem incluir sistemas de ventilação cruzada passiva para evitar a necessidade de exaustores e ventiladores mecânicos.
Lâmpadas de LED e iluminação natural
Ao longo dos anos, a iluminação LED substituiu as lâmpadas incandescentes. A principal motivação para a mudança para a iluminação LED é sua capacidade de produzir aproximadamente a mesma quantidade de iluminação enquanto consome um quinto da energia em comparação com seus antecessores, diminuindo as contas mensais de eletricidade.
Além disso, as lâmpadas LED duram muito mais do que outras luzes, precisando ser substituídas com menos frequência e exigindo menos manutenção. A iluminação LED pode inicialmente ser um investimento mais caro, mas os custos mais baixos de energia e manutenção fazem o capital inicial valer a pena no longo prazo.
A utilização de luz natural deve ser implementada em conjunto com a eficiência do LED para minimizar o uso de eletricidade do edifício. Neste contexto, a construção deve otimizar o uso da luz natural, tanto quanto possível, para reduzir a necessidade de luz artificial durante o dia.
Para isso, o desenho do projeto deve priorizar as janelas e os elementos de vidro em todo o edifício para permitir a entrada de mais luz natural. O vidro pode ser em painéis e aberturas simples ou especiais para garantir o isolamento térmico e atender às necessidades específicas da estrutura.
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